Cerca de 3% a 5% das crianças em idade escolar no mundo inteiro lutam com problemas de falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. Destas 50% vão continuar a ter dificuldades na idade adulta. Esta patologia não desaparece com a idade, o que pode acontecer é uma modificação dos sintomas. A principal perturbação destas crianças é o défice de atenção e não o excesso de atividade motora. O último desaparece com o tempo, enquanto que o primeiro persiste na idade adulta.
A hiperatividade afeta dez vezes mais as pessoas do sexo masculino.
É uma perturbação do desenvolvimento de origem neuropsicológica que gera inatenção, hiperatividade e impulsividade.
Esta alteração de comportamento deve ser vista como um problema de saúde e não como uma questão disciplinar.
Esta perturbação surge antes das crianças atingirem 7 anos e é geralmente diagnosticada quando a criança está em idade escolar, a partir do 2º ano. A sua sintomatologia só é considerada como perturbação de hiperatividade e défice de atenção quando dura mais de seis meses.
A maioria das crianças hiperativas tem dificuldades na aprendizagem. Os seus problemas de atenção, inquietação e falta de reflexão levam, frequentemente, a um rendimento escolar insatisfatório.
Estas crianças apresentam determinadas características tais como: distraem-se com facilidade, têm dificuldade em se concentrarem numa tarefa durante longos períodos de tempo, respondem sem refletir, exigem a satisfação imediata da sua vontade, manifestam dificuldade em manter a mesma posição, aceitam mal as indicações dos pais ou professores, têm mais dificuldade em controlar a sua conduta quando estão com outras crianças do que quando estão sozinhas, podem apresentar dificuldades, são lentas e brincalhonas, mudam bruscamente de estado de espírito, revelam imaturidade para a idade, negam os seus erros ou culpam os outros, exigem muita atenção, carecem de autoconfiança.
Existem alguns sinais de alerta que os pais e professores devem ter em conta como por exemplo, a criança é incapaz de ouvir uma história sem interromper, muda constantemente de atividade, jogo, brincadeira, interrompe as refeições sem motivo aparente, na ida ao supermercado pega em tudo, na escola fala com os colegas quando não o deve fazer, tem dificuldade em obedecer aos pais e professores.
As crianças com esta psicopatologia têm um risco acima da média de apresentarem problemas educacionais, comportamentais e sócio emocionais. Esta problemática afeta adversamente as relações familiares, o desempenho académico, as relações com os pares, bem como todas as áreas psicossociais.
A maior parte das crianças com Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção exibe dificuldades ao nível da auto monitorização, memória, controlo executivo e também dificuldades específicas de aprendizagem. Têm um rendimento académico que pode ser muito inferior às suas capacidades intelectuais devido aos seus problemas de atenção, memória e ao escasso controlo dos impulsos. Estas dificuldades devem ser avaliadas, uma vez que podem criar problemas na gestão de tempo, diminuição do autocontrolo, problemas no atraso da gratificação e reforço, dificuldades na separação entre afeto e comportamento, entre outros.
O défice de atenção é a principal causa da presença de um rendimento escolar abaixo das capacidades da criança, implicando dificuldades em selecionar os estímulos de forma adequada. Quando a informação chega a estas crianças, elas fixam-se em detalhes insignificantes e não são capazes de apreender a ideia principal. Quando respondem a uma pergunta, podem fazê-lo pela tangente e, nos seus trabalhos, repartem mal o tempo.
Se houver suspeitas de que a criança possa ser hiperativa deve recorrer-se a um médico (pedopsiquiatra, pediatra, neurologista) e a um psicólogo. O tratamento é geralmente mais eficaz se for conduzido por uma equipa multidisciplinar.
O trabalho do Psicólogo é essencial nesta perturbação, no entanto, se este trabalho não se estender ao contexto familiar, corre o risco de não ser eficaz. Deste modo, é crucial que os pais garantam um estilo de vida estável, calmo e estruturado, para que a criança não entre em stress.
Em primeiro lugar, é relevante que os pais aprendam a diferenciar os conceitos de desobediência e incompetência, para que sejam capazes de reduzir as punições, encaminhando as crianças para o desenvolvimento de comportamentos desejáveis. A criança deve possuir uma rotina quotidiana, sendo esta o mais estável possível, com uma hora estabelecida para cada tarefa; quando a criança acabar a tarefa, deve-se lembrar-lhe que ainda tem tempo para passar a outra. Isto leva-a a compreender que ainda tem tempo e pode planear a tarefa seguinte com mais calma. Os pais devem elaborar uma lista com aquilo que a criança pode ou não fazer, impondo regras que são fundamentais. Outro fator importante passa por eliminar os fatores distratores quando a criança está a fazer os trabalhos de casa (ex. televisão, videojogos, etc.).
Outra dimensão que deve ser trabalhada é a autoestima que muitas vezes manifesta-se desadequada nestas crianças. O indivíduo é um ser de natureza biopsicossocial, que tem uma significação para os outros e que através deles adquire significação para si mesmo, assim sendo, pode entender-se o motivo pelo qual estas crianças apresentam a sua autoestima destroçada, já que a construção que fazem de si mesmas baseia-se no significado atribuído pelo outro ao comportamento socialmente desadequado que manifestam. Quando os pais deixam de rotular a criança como preguiçosa e irresponsável, passando a destacar as suas competências, capacidades e aspetos positivos, estão a ajudar a melhorar a sua autoestima, garantido o seu desenvolvimento normal.
Os autores, Desidério e Miyazaki, expuseram algumas diretrizes para os cuidadores das crianças com esta psicopatologia como: evitar castigos em excesso, dado que estes têm um impacto negativo na autoestima; tentar manter uma postura coesa sobre o problema; empregar normas claras e ser coerente em relação a estas; evitar um estilo de educação mais permissivo; evitar discussões ou gritos em frente à criança; manter um diálogo sincero e questionar que dificuldades a criança sente no seu dia-a-dia; indicar como a criança se deve comportar; entre outras. Os autores anteriores, referem também que os pais desempenham um papel importante na realização das tarefas escolares e no estudo das crianças. Algumas das suas orientações acerca deste aspeto são: ouvir e respeitar a opinião da criança em relação ao local e horário preferido para a execução dos trabalhos de casa; se o local não for o mais apropriado, incentivar gradualmente na escolha mais desejada; alternar o estudo e as tarefas da escola com outras atividades; respeitar os limites das crianças em termos de tempo de concentração; ajudar no planeamento de tarefas.
Ser pai não é uma tarefa fácil. Ser pai de uma criança com Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção requer muita paciência, desta forma vários autores recomendam algumas estratégias a implementar, sendo estas: manifestar aceitação e apoio, demonstrando que ama e apoia; ser positivo, abandonando as expectativas negativas; escolher os amigos que compreendam os comportamentos do seu filho; aliar-se a um grupo de apoio frequentado por pais com a mesma problemática; reduzir o stress na família; utilizar uma criança mais velha (sempre que possível) para apoiar nos trabalhos escolares; procurar moderar o seu ritmo de vida, não possuindo um horário laboral excessivo nem se comprometendo com demasiadas tarefas; procurar tempo de descanso para todos os membros da família; fortalecer a sua relação conjugal.
Neste sentido, a Escola de Afetos fornece aos seus clientes consultas de Psicologia Clínica para Crianças e Adolescentes.
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Psicologia Escolar
Esta perturbação surge antes das crianças atingirem 7 anos e é geralmente diagnosticada quando a criança está em idade escolar, a partir do 2º ano. A sua sintomatologia só é considerada como perturbação de hiperatividade e défice de atenção quando dura mais de seis meses.
A maioria das crianças hiperativas tem dificuldades na aprendizagem. Os seus problemas de atenção, inquietação e falta de reflexão levam, frequentemente, a um rendimento escolar insatisfatório.
Estas crianças apresentam determinadas características tais como: distraem-se com facilidade, têm dificuldade em se concentrarem numa tarefa durante longos períodos de tempo, respondem sem refletir, exigem a satisfação imediata da sua vontade, manifestam dificuldade em manter a mesma posição, aceitam mal as indicações dos pais ou professores, têm mais dificuldade em controlar a sua conduta quando estão com outras crianças do que quando estão sozinhas, podem apresentar dificuldades, são lentas e brincalhonas, mudam bruscamente de estado de espírito, revelam imaturidade para a idade, negam os seus erros ou culpam os outros, exigem muita atenção, carecem de autoconfiança.
Existem alguns sinais de alerta que os pais e professores devem ter em conta como por exemplo, a criança é incapaz de ouvir uma história sem interromper, muda constantemente de atividade, jogo, brincadeira, interrompe as refeições sem motivo aparente, na ida ao supermercado pega em tudo, na escola fala com os colegas quando não o deve fazer, tem dificuldade em obedecer aos pais e professores.
As crianças com esta psicopatologia têm um risco acima da média de apresentarem problemas educacionais, comportamentais e sócio emocionais. Esta problemática afeta adversamente as relações familiares, o desempenho académico, as relações com os pares, bem como todas as áreas psicossociais.
A maior parte das crianças com Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção exibe dificuldades ao nível da auto monitorização, memória, controlo executivo e também dificuldades específicas de aprendizagem. Têm um rendimento académico que pode ser muito inferior às suas capacidades intelectuais devido aos seus problemas de atenção, memória e ao escasso controlo dos impulsos. Estas dificuldades devem ser avaliadas, uma vez que podem criar problemas na gestão de tempo, diminuição do autocontrolo, problemas no atraso da gratificação e reforço, dificuldades na separação entre afeto e comportamento, entre outros.
O défice de atenção é a principal causa da presença de um rendimento escolar abaixo das capacidades da criança, implicando dificuldades em selecionar os estímulos de forma adequada. Quando a informação chega a estas crianças, elas fixam-se em detalhes insignificantes e não são capazes de apreender a ideia principal. Quando respondem a uma pergunta, podem fazê-lo pela tangente e, nos seus trabalhos, repartem mal o tempo.
Se houver suspeitas de que a criança possa ser hiperativa deve recorrer-se a um médico (pedopsiquiatra, pediatra, neurologista) e a um psicólogo. O tratamento é geralmente mais eficaz se for conduzido por uma equipa multidisciplinar.
O trabalho do Psicólogo é essencial nesta perturbação, no entanto, se este trabalho não se estender ao contexto familiar, corre o risco de não ser eficaz. Deste modo, é crucial que os pais garantam um estilo de vida estável, calmo e estruturado, para que a criança não entre em stress.
Em primeiro lugar, é relevante que os pais aprendam a diferenciar os conceitos de desobediência e incompetência, para que sejam capazes de reduzir as punições, encaminhando as crianças para o desenvolvimento de comportamentos desejáveis. A criança deve possuir uma rotina quotidiana, sendo esta o mais estável possível, com uma hora estabelecida para cada tarefa; quando a criança acabar a tarefa, deve-se lembrar-lhe que ainda tem tempo para passar a outra. Isto leva-a a compreender que ainda tem tempo e pode planear a tarefa seguinte com mais calma. Os pais devem elaborar uma lista com aquilo que a criança pode ou não fazer, impondo regras que são fundamentais. Outro fator importante passa por eliminar os fatores distratores quando a criança está a fazer os trabalhos de casa (ex. televisão, videojogos, etc.).
Outra dimensão que deve ser trabalhada é a autoestima que muitas vezes manifesta-se desadequada nestas crianças. O indivíduo é um ser de natureza biopsicossocial, que tem uma significação para os outros e que através deles adquire significação para si mesmo, assim sendo, pode entender-se o motivo pelo qual estas crianças apresentam a sua autoestima destroçada, já que a construção que fazem de si mesmas baseia-se no significado atribuído pelo outro ao comportamento socialmente desadequado que manifestam. Quando os pais deixam de rotular a criança como preguiçosa e irresponsável, passando a destacar as suas competências, capacidades e aspetos positivos, estão a ajudar a melhorar a sua autoestima, garantido o seu desenvolvimento normal.
Os autores, Desidério e Miyazaki, expuseram algumas diretrizes para os cuidadores das crianças com esta psicopatologia como: evitar castigos em excesso, dado que estes têm um impacto negativo na autoestima; tentar manter uma postura coesa sobre o problema; empregar normas claras e ser coerente em relação a estas; evitar um estilo de educação mais permissivo; evitar discussões ou gritos em frente à criança; manter um diálogo sincero e questionar que dificuldades a criança sente no seu dia-a-dia; indicar como a criança se deve comportar; entre outras. Os autores anteriores, referem também que os pais desempenham um papel importante na realização das tarefas escolares e no estudo das crianças. Algumas das suas orientações acerca deste aspeto são: ouvir e respeitar a opinião da criança em relação ao local e horário preferido para a execução dos trabalhos de casa; se o local não for o mais apropriado, incentivar gradualmente na escolha mais desejada; alternar o estudo e as tarefas da escola com outras atividades; respeitar os limites das crianças em termos de tempo de concentração; ajudar no planeamento de tarefas.
Ser pai não é uma tarefa fácil. Ser pai de uma criança com Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção requer muita paciência, desta forma vários autores recomendam algumas estratégias a implementar, sendo estas: manifestar aceitação e apoio, demonstrando que ama e apoia; ser positivo, abandonando as expectativas negativas; escolher os amigos que compreendam os comportamentos do seu filho; aliar-se a um grupo de apoio frequentado por pais com a mesma problemática; reduzir o stress na família; utilizar uma criança mais velha (sempre que possível) para apoiar nos trabalhos escolares; procurar moderar o seu ritmo de vida, não possuindo um horário laboral excessivo nem se comprometendo com demasiadas tarefas; procurar tempo de descanso para todos os membros da família; fortalecer a sua relação conjugal.
Neste sentido, a Escola de Afetos fornece aos seus clientes consultas de Psicologia Clínica para Crianças e Adolescentes.
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Psicologia Escolar
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