A Síndrome de Asperger é uma perturbação neurocomportamental, de base genética, estando hoje em dia dentro do espectro do Autismo (Lobo Antunes, 2012). Apesar de ser uma disfunção com origem num funcionamento cerebral particular, ainda não existe marcador biológico, dessa forma o seu diagnóstico baseia-se em critérios comportamentais, sendo os mais utilizados os indicados no DSM-IV (Lobo Antunes, 2012).
Se quisermos resumir a Síndrome de Asperger diríamos que tem os seguintes sintomas (Lobo Antunes, 2012):
- dificuldade na interação social;
- dificuldade na comunicação verbal e não-verbal;
- dificuldade em criar empatia, isto é, “pôr-se na pele dos outros”;
- gestos, sons ou atividades repetitivas;
- hipersensibilidade aos estímulos sensoriais (sons, cheiros, luz ou texturas).
Relativamente à incidência entre os dois sexos, esta psicopatologia surge maioritariamente nos rapazes (Lobo Antunes, 2012).
Quanto ao seu surgimento, a maioria dos pais não reconhece nenhum problema durante os primeiros meses de vida, no entanto, existem casos em que a mãe suspeita nas primeiras horas de vida do bebé pela pobreza do contacto ocular (Lobo Antunes, 2012).
Quando são bebés, é frequente as mães comentarem que os bebés deram “más noites”, choros inconsoláveis, sonos breves e interrompidos pelo estímulo mais ligeiro (Lobo Antunes, 2012). Outras, narram bebés demasiado “bons“, “muito calminhos”, ao ponto de ficarem esquecidos no parque (Lobo Antunes, 2012).
Nestas crianças podem surgir dificuldades alimentares, podem recusar comer alimentos de uma determinada cor, comerem por partes, ou seja, primeiro o bife, depois o arroz e por fim as batatas e recusarem comer arroz de cenoura ou de ervilhas (Lobo Antunes, 2012).
A maioria das mães suspeitam que algo está errado entre os dois e os três anos de vida (Lobo Antunes, 2012). O problema mais comum é o atraso de linguagem, geralmente está presente em cerca de metade das crianças com Síndrome de Asperger num ponto do seu desenvolvimento (Lobo Antunes, 2012). Algumas destas crianças não têm linguagem espontânea, por exemplo são incapazes de dizer “mãe…água”, no entanto, podem saber nomear os logótipos dos diversos canais por cabo (Lobo Antunes, 2012). Certas crianças tendem a repetir o final das frases que ouvem, a este fenómeno chamamos ecolália, repetição como se de um eco se tratasse (Lobo Antunes, 2012).
Uma característica comum nestas crianças consiste na utilização de palavras sofisticadas, algo rebuscadas, em situações banais (Lobo Antunes, 2012). Os pais muitas vezes perguntam-se onde terão as crianças ouvido tais expressões (Lobo Antunes, 2012). A fonte dessas palavras está na televisão e em histórias infantis (Lobo Antunes, 2012).
As crianças com esta síndrome tendem a falar muito alto, mas de modo monótono, sem as inflexões de voz que traduzem as nossas emoções (Lobo Antunes, 2012).
As pessoas com Asperger não são bons ouvintes, têm uma tendência para o egocentrismo, pelo que poucas vezes prestarão muita atenção aos que os outros dizem, a não ser que o tema seja do seu interesse (Lobo Antunes, 2012). Assim, tendem a ser virados para si, tanto nas conversas como nos jogos (Lobo Antunes, 2012). As conversas com um Asperger são verdeiros monólogos, logo é difícil para eles fomentarem amizades (Lobo Antunes, 2012). Quanto a manifestações físicas de afeto são o oito ou o oitenta (Lobo Antunes, 2012). As zangas e as birras são frequentes, difíceis de controlar, estridentes na sua manifestação e muito embaraçosas para os pais (Lobo Antunes, 2012).
É importante salientar que nesta psicopatologia há gravidades distintas e variáveis, por exemplo, alguém com 60% desta perturbação aos 4 anos poderá ter 30% aos 15 (Lobo Antunes, 2012). É exatamente isso que esperamos que aconteça quando a criança inicia intervenção terapêutica (Lobo Antunes, 2012).
Neste sentido, a Escola de Afetos fornece consultas de avaliação psicológica e psicoterapia.
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Psicologia Escolar