Educar para os Afetos



O afeto é um bem essencial para a construção da nossa personalidade tal como para a nossa saúde mental.


Mas o que é o afeto?

O afeto, segundo alguns autores, é um sentimento de amizade, carinho, afeição. Quando pensamos em afeto, pensamos em cuidado, aceitação, acolhimento, afago.

O padrão emocional do ser humano é formado nos seus primeiros anos de vida, em consequência dos modelos aprendidos através dos pais. Se os pais passarem um modelo inadequado durante a infância, será difícil modifica-lo mais tarde. Por vezes, os pais desconhecem a importância das emoções e as suas consequências para a criança.

A parte afetiva é deveras importante, pois influencia o desenvolvimento da criança e a sua auto-estima.

Os pais são como um espelho, devolvem à criança determinadas imagens. Quando um pai demonstra afeto pelo seu filho, o seu filho torna-se o seu espelho e vice-versa; e refletindo um no sentimento de afeto do outro, desenvolve-se o forte vínculo do amor. É nesta interação afetiva que desenvolvemos sentimentos positivos ou negativos e construímos a nossa auto-imagem.

Se os pais agirem numa vertente negativa para com os seus filhos, estes terão uma imagem negativa de si próprios. Se pelo contrário, os pais agirem de forma positiva com os seus filhos, estes terão um conceito positivo de si próprios.

Não dar afeto sistematicamente (recusar um abraço, um beijo, evitar carinho) é como deixar de alimentar a criança e isso poderá deixar marcas irreversíveis.

Uma das funções da família é ajudar a criança a socializar-se e a estruturar-se como ser humano. Muitas crianças com problemas de comportamento, independentemente do seu nível sócio-económico, são oriundas de famílias que não proporcionaram o afeto suficiente.

Na família há momentos positivos e negativos. Uma família passa por fases de satisfação e de prazer, alternadas por fases de tristeza e desentendimentos as quais são reparadas através da compreensão e dos valores da tolerância, da amizade e do amor, sendo esta aprendizagem de extremo relevo na preparação adequada para se tornar um ser humano sociável e integrado.

A tarefa de cuidar, adequadamente, de um ser em formação não é uma tarefa fácil, exigindo dos pais a capacidade para lidar com os conflitos gerados pelos impulsos imediatos das crianças, bem como das suas necessidades.

É de salientar que uma criança com um auto-conceito positivo, é sem dúvida uma criança mais ativa, com maior facilidade em fazer amigos, tem sentido de humor, participa em projetos, lida melhor com o erro, sente orgulho por contribuir e é sem dúvida mais feliz, mais confiante, mais alegre e mais afetiva.

As crianças necessitam de consolo, de braços que abracem, de ouvir histórias aconchegadas, de colo, de mimo, de um tom de voz agradável e suave, de sorrisos, de que sejam justos para com ela, que não a deixem fazer tudo aquilo que quer, que lhe digam sim mas igualmente não porque os limites devem ser entendidos desde cedo, que a entendam e a incentivem a entender os outros, que a ouçam e que possa ouvir os outros, que lhe digam muitas vezes que a amam e o quanto é importante para os seus pais para que não tenha disso dúvidas e cresça feliz.

Em conclusão, quando os pais proporcionam afeto aos seus filhos estão a promover uma boa evolução da criança como pessoa, a dar-lhe ferramentas para conseguir ultrapassar alguns obstáculos ao longo do ciclo da vida e a propiciar sentimentos de auto-estima e auto-confiança na criança. Quando por seu lado, os pais não dão afeto aos seus filhos estão a criar sentimentos de insegurança e falta de proteção na criança, fazendo com que esta tenha dificuldades de adaptação e esteja mais sensível a problemas emocionais.

 Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica com especialização em Psicologia Escolar

Violência no Namoro

 


Sabia que em Portugal um em cada quatro jovens é vítima de violência no namoro?

Estudos revelam que 25% a 35% dos jovens portugueses acreditam que a violência é uma manifestação de amor, com uma percentagem significativa de estudantes universitários a adotar comportamentos violentos nas suas relações intimas.

Nesses mesmos estudos 25,4% dos jovens portugueses entre os 13 e os 29 anos confessaram ter sido vítimas de pelo menos um acto violento no último ano, 35% dos rapazes mostram-se de acordo com as atitudes violentas e 23% dos rapazes encaram as raparigas como inferiores.

A violência no namoro trata-se de um acto de violência, pontual ou contínuo, praticado por um dos parceiros numa relação amorosa, acontece quando um dos parceiros exerce poder e controlo sobre o outro com vista a alcançar o que pretende. A violência no namoro pode ser identificada através de maus tratos físicos e psicológicos, abusos e violências sexuais, intimidações, humilhações, sendo causada geralmente por ciúmes possessivos, perturbações psicológicas, uso de álcool e drogas, etc.

Quais são as consequências da violência no namoro?

A violência no namoro tem consequências graves em termos de saúde física e mental, tais como:

· Perda de apetite e emagrecimento excessivo

· Dores de cabeça

· Nódoas negras

· Queimaduras (ácido, pontas de cigarro)

· Nervosismo

· Tristeza

· Ansiedade

· Sentimentos de culpa

· Baixa auto-estima

· Confusão

· Depressão

· Isolamento

· Gravidez indesejada

· Doenças sexualmente transmissíveis

· Baixa dos rendimentos escolares ou abandono escolar

· Suicídio


A realidade é que a violência não é apenas um problema de adultos, também ocorre nas relações amorosas entre jovens.

Neste sentido, a Escola de Afetos fornece aos alunos programas de prevenção em violência no namoro e programas de promoção da auto-estima e auto-confiança para escolas e em gabinete.

Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica com especialização em Psicologia Escolar