Síndrome de Asperger



A Síndrome de Asperger é uma perturbação neurocomportamental, de base genética, estando hoje em dia dentro do espectro do Autismo (Lobo Antunes, 2012). Apesar de ser uma disfunção com origem num funcionamento cerebral particular, ainda não existe marcador biológico, dessa forma o seu diagnóstico baseia-se em critérios comportamentais, sendo os mais utilizados os indicados no DSM-IV (Lobo Antunes, 2012).


Se quisermos resumir a Síndrome de Asperger diríamos que tem os seguintes sintomas (Lobo Antunes, 2012):


- dificuldade na interação social;


- dificuldade na comunicação verbal e não-verbal;


- dificuldade em criar empatia, isto é, “pôr-se na pele dos outros”;


- gestos, sons ou atividades repetitivas;


- hipersensibilidade aos estímulos sensoriais (sons, cheiros, luz ou texturas).



Relativamente à incidência entre os dois sexos, esta psicopatologia surge maioritariamente nos rapazes (Lobo Antunes, 2012).


Quanto ao seu surgimento, a maioria dos pais não reconhece nenhum problema durante os primeiros meses de vida, no entanto, existem casos em que a mãe suspeita nas primeiras horas de vida do bebé pela pobreza do contacto ocular (Lobo Antunes, 2012).


Quando são bebés, é frequente as mães comentarem que os bebés deram “más noites”, choros inconsoláveis, sonos breves e interrompidos pelo estímulo mais ligeiro (Lobo Antunes, 2012). Outras, narram bebés demasiado “bons“, “muito calminhos”, ao ponto de ficarem esquecidos no parque (Lobo Antunes, 2012).


Nestas crianças podem surgir dificuldades alimentares, podem recusar comer alimentos de uma determinada cor, comerem por partes, ou seja, primeiro o bife, depois o arroz e por fim as batatas e recusarem comer arroz de cenoura ou de ervilhas (Lobo Antunes, 2012).


A maioria das mães suspeitam que algo está errado entre os dois e os três anos de vida (Lobo Antunes, 2012). O problema mais comum é o atraso de linguagem, geralmente está presente em cerca de metade das crianças com Síndrome de Asperger num ponto do seu desenvolvimento (Lobo Antunes, 2012). Algumas destas crianças não têm linguagem espontânea, por exemplo são incapazes de dizer “mãe…água”, no entanto, podem saber nomear os logótipos dos diversos canais por cabo (Lobo Antunes, 2012). Certas crianças tendem a repetir o final das frases que ouvem, a este fenómeno chamamos ecolália, repetição como se de um eco se tratasse (Lobo Antunes, 2012).


Uma característica comum nestas crianças consiste na utilização de palavras sofisticadas, algo rebuscadas, em situações banais (Lobo Antunes, 2012). Os pais muitas vezes perguntam-se onde terão as crianças ouvido tais expressões (Lobo Antunes, 2012). A fonte dessas palavras está na televisão e em histórias infantis (Lobo Antunes, 2012).


As crianças com esta síndrome tendem a falar muito alto, mas de modo monótono, sem as inflexões de voz que traduzem as nossas emoções (Lobo Antunes, 2012).


As pessoas com Asperger não são bons ouvintes, têm uma tendência para o egocentrismo, pelo que poucas vezes prestarão muita atenção aos que os outros dizem, a não ser que o tema seja do seu interesse (Lobo Antunes, 2012). Assim, tendem a ser virados para si, tanto nas conversas como nos jogos (Lobo Antunes, 2012). As conversas com um Asperger são verdeiros monólogos, logo é difícil para eles fomentarem amizades (Lobo Antunes, 2012). Quanto a manifestações físicas de afeto são o oito ou o oitenta (Lobo Antunes, 2012). As zangas e as birras são frequentes, difíceis de controlar, estridentes na sua manifestação e muito embaraçosas para os pais (Lobo Antunes, 2012).


É importante salientar que nesta psicopatologia há gravidades distintas e variáveis, por exemplo, alguém com 60% desta perturbação aos 4 anos poderá ter 30% aos 15 (Lobo Antunes, 2012). É exatamente isso que esperamos que aconteça quando a criança inicia intervenção terapêutica (Lobo Antunes, 2012).


Neste sentido, a Escola de Afetos fornece consultas de avaliação psicológica e psicoterapia.



Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Psicologia Escolar

 

 

Psicologia Infantil para Infantários


A Escola de Afetos fornece aos infantários o serviço de Psicologia Infantil, em que os técnicos se deslocam até às instituições para prestar o serviço de consulta de Psicologia Infantil. 
 
 
Como é que a Psicologia Infantil pode ajudar a criança?
 
O psicólogo infantil trabalha com as crianças no sentido de oferecer um ambiente onde ela se sinta segura e aceite, onde pode expor os seus medos e falar dos seus sentimentos.
 
A psicologia infantil ajuda a criança a se restabelecer depois de um acontecimento traumático de forma mais saudável e também poderá orientar os pais para a continuação do processo de melhoria em casa.
 
Quais os comportamentos dos alunos que são indicadores da necessidade de consulta de Psicologia Infantil?
 
  • Recusar-se a ir ao infantário
  • Atraso de desenvolvimento
  • Baixas competências sociais e pouco contacto ocular
  • Chorar em demasia
  • Excesso de necessidade de contato com a mãe ou pai
  • Recusa em estar próximo de uma pessoa específica
  • Comportamentos agressivos repentinos
  • Demora em falar ou andar
  • Xixi na cama
  • Pesadelos
  • Pedidos frequentes para dormir com os pais

 

501 Maneiras de Ser Bom Pai


Do livro “501 ways to be a good parent: from the frantic fours to the terrible twelves”, podemos retirar as “10 melhores coisas que pode dizer ao seu filho”, como por exemplo:
  1. Tu foste sempre uma alegria na minha vida!
  2. É bom contar o que nos acontece!
  3. Estou muito orgulhoso de ti, estiveste tão bem!
  4. Eu disse não.
  5. Não há problema em chorar ou sentirmo-nos tristes ou assustados!
  6. É normal errarmos e enganarmo-nos!
  7. És muito esperto em teres-te lembrado disso/em teres feito isso!
  8. Podes estar sem fazer nada!
  9. Eu gosto de ti como tu és!
  10. Eu amo-te!
 
Tente praticar estas palavras em casa com o seu filho!

Avaliação Psicológica de Condutores



A Escola de Afetos realizou uma parceria com a Futurbrain, a partir de agora disponibilizamos o serviço de Avaliação Psicológica de Condutores, consultas para renovação ou obtenção de carta de condução.

O Decreto-Lei n.º 37/2014, de 10 de março, procedeu a alterações ao Código da Estrada e aprovou o novo Regulamento da Habilitação Legal para Conduzir (RHLC).

Relativamente à avaliação da aptidão psicológica, o novo RHLC introduziu novas regras, nomeadamente em matéria de competências para realização da avaliação psicológica dos candidatos a condutor e condutores dos Grupos 1 e 2, estabelecendo que a mesma é realizada por psicólogos no exercício da sua profissão e pelo IMT, ou por entidade por este designada.


A lista dos condutores que devem realizar avaliação psicológica é a seguinte:

·         Obtenção/Renovação das Categorias C e E


·         Obtenção/Renovação da Categoria D


·         Obtenção/Renovação de ADR


·         Instrutores - Examinadores de Condução Automóvel


·         Condutores de Veículos Prioritários


·         Obtenção/Renovação do CAP


·         Revalidação da Categoria B


·         Equivalência à Carta de Condução

 

À lista anterior podemos considerar também as seguintes categorias:

·         Categorias  C, C1E, CE, D, D1E, DE


·          Motorista de Transportes Coletivos de Crianças


·          Motorista de Transporte de Matérias Perigosas (ADR)


·         Condutor de Veículos de Aluguer (Táxis)


·         Condutor de Veículos Prioritários


·         Bombeiros, Ambulâncias e Transporte de Doentes


·         Categoria B (Recomendada por avaliação médica)


·         Troca de Carta de Condução Estrangeira


·         Substituição de Carta de Condução Militar p/Civil


·         Instrutores e Examinadores de Condução Automóvel


Para marcações ligar para n.º 913 280 358

A Ansiedade nos Atletas





Todos os atletas envolvidos no desporto sabem o que é a ansiedade (Silvério & Srebro, 2002). No entanto, é difícil definir ansiedade de uma forma simples e completa (Silvério & Srebro, 2002). Podemos entender a ansiedade como um estado emocional desagradável, isto é, um estado emocional angustiante, em que coexistem alterações somáticas (cardíacas, respiratórias, etc.) e em que se prevêem situações desagradáveis, reais ou não (Ferreira, 2008). Desta forma, podemos considerar que a ansiedade, quando está presente numa competição, pode afetar negativamente o desempenho desportivo do atleta, se permanecer por demasiado tempo (Ferreira, 2008).        
 
A ansiedade competitiva pode ser mesmo definida como a tendência para percecionar a situação de competição como ameaçadora (Viana, 2000). A ansiedade é um fenómeno psicológico que tem a função de adaptar e regular o ser humano na sua vida quotidiana e, assim interfere também no dia-a-dia no contexto desportivo (Corrêa, et al., 2002; Hackfort & Schwenkmezger, 1993; Teixeira, 2008). Viscott (1982, cit. in Ferreira, 2008) conceptualiza a ansiedade como uma reação psicofisiológica de alerta mediante um determinado perigo ou ameaça, podendo esta ser normal ou patológica, leve ou grave, prejudicial ou benéfica, episódica ou persistente, com origem orgânica ou psicológica, que pode ocorrer de forma isolada ou com comorbilidade (com outras doenças), podendo afetar ou não a perceção e memória do sujeito.

Davidoff (1983, cit. in Ferreira, 2008) faz uma comparação da ansiedade com o medo, tendo por base que a ansiedade é uma emoção envolvida por sentimentos de previsão de perigo, tensão e aflição, e refere que é difícil distinguir os dois. Para este autor, o objeto do medo é fácil de descrever, enquanto que o objeto da ansiedade não é tão claro (Davidoff 1983, cit. in Ferreira, 2008). Como refere Plutchik (1962, cit. in Hackfort & Schwenkmezger, 1993), o medo provém de um estímulo específico, enquanto que a ansiedade surge a partir de um processo antecipatório e imaginativo. A intensidade do medo é proporcional à gravidade do perigo. Todavia, no que diz respeito à ansiedade, a sua intensidade muitas vezes é maior do que o medo objetivo (Davidoff 1983, cit. in Ferreira, 2008). Os atletas vivenciam variadas situações de ansiedade, como por exemplo erros que cometem dentro de campo, competições acirradas, pressão do público e adeptos, troca de clube, salários atrasados, lesões inesperadas, derrotas em partidas decisivas, entre outras (Román & Savoia, 2003). Assim sendo, os atletas, nestas situações, podem desenvolver respostas de ansiedade, ou seja, uma resposta física perante uma situação de ameaça real ou de uma situação interpretada como ameaçadora (Román & Savoia, 2003).
Segundo Frischnecht (1990, cit. in Quadros Jr., et al., 2006), todas as atividades musculares intensas estabelecem uma relação com as vivências emocionais e, desta forma, pode-se referir que a tensão das reações emocionais atinge o seu expoente em situações de competição. Por esta razão, a preparação psicológica dos atletas ganha uma importância cada vez maior no âmbito da competição desportiva (Quadros Jr., et al., 2006). As emoções tanto podem inspirar como inibir a prestação desportiva. Quando estas são positivas, o atleta pode facilmente atingir o sucesso. No entanto, quando toda a excitação se transforma em ansiedade, o atleta poderá cometer mais erros (Quadros Jr., et al., 2006).
Nas competições desportivas é frequente os atletas experimentarem situações de stress e ansiedade, o que se pode tornar num problema para todos os envolvidos numa dada modalidade (atletas, treinadores, pais, árbitros, etc.) (Cruz, 1996c). Geralmente, os atletas sofrem uma constante pressão psicológica devido à competição desportiva, o que por vezes, lhes provoca uma certa dificuldade em enfrentar ou lidar eficazmente com as exigências dessa mesma competição (Cruz, 1996c).
Os atletas com níveis altos de ansiedade tendem a ter mau desempenho ao defrontarem-se com alguma situação de stress, ao contrário daqueles que apresentam níveis baixos de ansiedade (Quadros Jr., et al., 2006). No entanto, Machado (1997, cit. in Ferreira et al., 2008) refere que, tanto níveis elevados como muito baixos de ansiedade estão associados a rendimentos medíocres.
Investigações sobre esta variável demonstram que a atividade desportiva pode ser prejudicada se os níveis de ansiedade forem muito elevados (Viana, 2000). A ansiedade competitiva é um problema reconhecido pela Psicologia do Desporto, pois vários atletas juvenis abandonam a sua modalidade quando se deparam com experiências de stress, frustração, tensão, medo, entre outras (Ferreira, 2008). Surgem também, ligadas à ansiedade, manifestações somáticas, como perturbações do sono, problemas gastro-intestinais, dermatológicos, alimentares e uma maior suscetibilidade às lesões (Viana, 2000).
Relativamente à origem da ansiedade, esta pode dever-se a inúmeros fatores como o medo de falhar (que é mais significativo para atletas jovens), conflito com treinadores e outros atletas, com incertezas quanto ao jogo e acerca da titularidade, preocupação com lesões e até os comportamentos da família, dos espectadores e da comunicação social (Cruz, 1996c; Quadros Jr., et al., 2006; Viana, 1990).

 A relação entre o treinador e o atleta é também deveras determinante no envolvimento desportivo, pois ambos vivem situações de stress nas competições (Quadros Jr., et al., 2006). O modo como cada um enfrenta o nível de stress reflete a forma pela qual cada um vai conseguir lidar com as emoções e características individuais do outro (treinador/atleta) (Quadros Jr., et al., 2006). A maior parte do tempo, os atletas pensam nos seus treinadores e relembram as frases referidas por estes (Quadros Jr., et al., 2006). Entre as qualidades dos treinadores mais apreciadas pelos atletas destaca-se a capacidade que os treinadores têm de se organizar, motivar e manter uma postura calma (Quadros Jr., et al., 2006). O sucesso, a crítica, e a oportunidade esperada pelos atletas são alguns dos fatores potencialmente ansiogénicos, dependendo da perceção e da interpretação que cada atleta faz dos acontecimentos (Quadros Jr., et al., 2006). A ansiedade é o resultado de uma maneira de percecionar o mundo em geral ou uma dada situação, e da forma como se pensa a respeito dos mesmos (Quadros Jr., et al., 2006). Sendo assim, não é o contexto que torna o atleta ansioso, mas a forma como este contexto é encarado por ele (Quadros Jr., et al., 2006).
A avaliação que os atletas fazem da sua performance representa também uma fonte significativa de ameaça, evidenciada num estudo de Pierce (1980, cit. in Cruz, 1996b), em que os atletas preocupavam-se essencialmente com o mau rendimento, com possíveis erros que pudessem cometer e com as reações dos colegas e treinadores. Segundo Scanlan (1978, 1984, cit. in Cruz, 1996b), o desporto de alta competição pode provocar stress, não só por ser uma importante área de realização para os atletas, mas também porque agrega uma avaliação social das suas competências e capacidades atléticas em público. Para Frischnecht (1990, cit. in Quadros Jr., et al., 2006), apenas no mundo do desporto podemos encontrar uma avaliação à performance individual realizada por inúmeras pessoas. A performance dos atletas é sempre julgada e avaliada por milhares de pessoas nos locais de competição, pelos que assistem na televisão ou por aqueles que ouvem pela rádio (Quadros Jr., et al., 2006). Hoje em dia, com inúmeros recursos disponíveis, as performances podem ser repetidas, descritas, analisadas e criticadas pelos órgãos de comunicação, estabelecendo uma maior pressão sobre estes atletas (Quadros Jr., et al., 2006).
Ao contrário do que se pensa, o stress e a ansiedade são também experimentados muitas vezes, provocando mesmo efeitos nefastos, por atletas que apresentam níveis máximos de rendimento sob a máxima pressão (Cruz, 1996c). Alguns dos melhores atletas do mundo também apresentam, em competição, dificuldades no controlo e gestão dos seus níveis de ansiedade (Cruz, 1996c).      
Vários estudos apontam uma elevada incidência de stress e ansiedade em contextos desportivos, no que diz respeito aos atletas, independentemente da sua idade e do seu nível competitivo (Cruz, 1996c). No desporto, ao longo do tempo, a ansiedade e o stress têm sido percecionados como fatores desadaptativos e perturbadores que, invariavelmente, prejudicam o rendimento desportivo dos atletas (Cruz, 1996c). Reforçando esta ideia está a presença de técnicas de redução de ansiedade, na maior parte das intervenções psicológicas em contextos desportivos (Cruz, 1996c).
No entanto, o stress e a ansiedade não afetam apenas o rendimento, mas podem provocar o abandono da competição desportiva, pelo facto de esta ser percecionada como aversiva, e existir uma maior vulnerabilidade às lesões desportivas e/ou à sua recuperação (Cruz, 1996c).
Ducceschi (1970, cit. in Ferreira, 2008) refere que a ansiedade é um estado intelectual e emocional, que para surgir não há a necessidade de uma ameaça ao bem-estar físico do sujeito, mas ao seu bem-estar mental. Este fenómeno é desencadeado por uma reação de apreensão e tensão, acompanhada por uma ativação do Sistema Nervoso Autónomo e um aumento da atividade endócrina (Brandão, 1995, citado por Corrêa, et al., 2002).
As reações fisiológicas que geram podem ser taquicardia, dor de estômago, medo, entre outras, que são denominadas de Ansiedade-Estado (Corrêa, et al., 2002). Weinberg e Gould (2007) referem ainda que este estado ansioso está interligado ao componente de humor em constante variação. A Ansiedade-Estado, em termos cognitivos, é representada quando um indivíduo exibe pensamentos negativos ou excesso de preocupação, em termos somáticos, quando há alterações na perceção subjetiva da ativação fisiológica (Weinberg & Gould, 2007). A Ansiedade- Estado está intimamente ligada à Ansiedade-Traço, ou seja, uma predisposição para percecionar as situações de uma forma geral como ameaçadoras (Brandão, 1995, cit. in Corrêa, et al., 2002).
A Ansiedade-Traço constitui uma característica estável de personalidade em que há uma tendência adquirida que influencia o sujeito em termos comportamentais. Ele responde a circunstâncias percecionadas como perigosas (físicas ou psicológicas) e ameaçadoras com reações e níveis de ansiedade exarcebados em relação ao perigo real (Becker Júnior, 2001; Corrêa, et al., 2002; Ferreira, 2008; Hackfort & Schwenkmezger, 1993; Singer, 1977; Viana, 2000). Os atletas que tenham como característica a Ansiedade-Traço tendem a percecionar variadas situações como mais ameaçadoras do que os atletas sem esta característica (Singer, 1977). Na sua teoria, Spielberger (1972) relaciona a ansiedade com o stress, defendendo que a Ansiedade-Estado é um estado emocional transitório, que varia em intensidade e duração mediante os estímulos de stress, internos ou externos e da duração da ameaça subjetiva causada por esse mesmo estímulo (Ferreira, 2008; Samulski, et al., 1996; Viana, 2000)
Dentro dos estudos da ansiedade, encontram-se alguns que distinguem ansiedade somática e ansiedade cognitiva (Ferreira, 2008). A ansiedade cognitiva refere-se a pensamentos e dúvidas a respeito do alcance da vitória. Já a ansiedade somática diz respeito a diarreias, pressão arterial elevada, batimentos cardíacos rápidos, tensão muscular e palidez facial (Becker Júnior, 2001). A ansiedade cognitiva provoca decréscimo da flexibilidade mental, expectativas negativas, sentimentos de confusão, esquecimento de detalhes, tendência a precipitar-se na atuação, decréscimo da capacidade de tomar decisões, perda de concentração e pensamentos de fracasso (Ferreira, 2008; Román & Savoia, 2003). A ansiedade somática é vista como a representação fisiológica e afetiva da ansiedade (Becker Júnior, 2001; Ferreira, 2008).
Um atleta, em geral, em situações de competição tem afetadas estas duas áreas. No entanto, Becker Júnior (2001) realça que, na sua experiência, se apercebeu da existência de atletas em que há maiores repercussões na área cognitiva (Ex.: pensamentos negativos sobre o possível resultado da competição) e outros na área somática (Ex.: tremores, suor, pulso aclarado).
Fleury (1998) defende que a ansiedade pré-competitiva é um estado emocional envolvido de preocupação e apreensão, que pode surgir através dos nossos pensamentos (ansiedade cognitiva) ou por reação fisiológicas (ansiedade somática).
Segundo Martens (1990), a ansiedade pré-competitiva surge, em geral, devido a dois fatores, a incerteza do resultado e a importância que o resultado representa para os atletas.
O “stress” competitivo tem quatro componentes:
1) a situação de competição, onde estão inseridas as exigências naturais, limitações e oportunidades e, os recursos técnico, físicos e psicológicos;
2) a avaliação que o atleta faz dessa situação, das consequências que imagina poderem
vir a acontecer e da importância que têm para ele;
3) a resposta fisiológica, que, por sua vez, também é objeto de processamento cognitivo pelo atleta;
4) o comportamento, influenciado pelas exigências da situação, pelos processos de avaliação cognitiva e pela natureza da ativação fisiológica (Viana, 2000).
 Todo este processo é influenciado por características de personalidade e motivacionais (Viana, 2000). Um atleta sente-se ansioso quando, numa competição, tendo esta um valor significativo para ele, antecipa um desequilíbrio entre as exigências da situação e os seus recursos pessoais para responder de forma eficaz (Viana, 2000). Existem algumas questões que se colocam, como porque é que determinados atletas perante um estádio cheio em vez de pensarem “que excelente oportunidade tenho para demonstrar a este público como jogo bem”, pensam “mas que grande embaraço; e se cometo algum erro à frente desta gente toda”? (Viana, 2000). Tão importante como as características pessoais do sujeito é a forma como este perceciona e avalia subjetivamente a discrepância entre as exigências da competição e as próprias competências (Viana, 2000). Por exemplo, um atleta com baixa autoconfiança tende a subestimar as suas competências e assim percecionar uma maior discrepância entre os seus recursos pessoais e as exigências da competição (Viana, 2000). Ou então aquele atleta que apresenta objetivos competitivos irrealistas e muito elevados devido a vários motivos, e como não reconhece as capacidades que são exigidas, age de forma ansiogénica (Viana, 2000).
Algo a considerar, também é a relação entre ansiedade e autoimagem e a autoestima. Não é raro os atletas sentirem-se ansiosos antes de uma competição desportiva, uma vez que a sua autoimagem e a autoestima dependem do seu desempenho e, dessa forma, estas situações podem se tornar muito assustadoras. Ao invés de lutarem por uma medalha, dinheiro, honras de campeão, luta-se contra o próprio valor; ao invés de percecionar uma oportunidade para jogar, o atleta passa a recear, nervosamente, a aproximação da competição pelo simples medo de falhar (Quadros Jr., et al., 2006).

Hanin (1980, 1986, 1997, citado por Corrêa, et al., 2002), através do seu modelo de zonas individualizadas de desempenho ideal (IZOF — Individualized Zones of Optimal Functioning), deu um contributo importante para a Psicologia do Desporto. Este psicólogo russo concluiu que os atletas de elite, quando desempenham os seus melhores rendimentos, encontram-se numa zona de Ansiedade-Estado Ideal (Becker Júnior, 2001; Corrêa, et al., 2002). Este nível ideal de Ansiedade-Estado varia com as características dos atletas, sendo subjetivo (Becker Júnior, 2001; Corrêa, et al., 2002). Para alguns atletas deve ser baixo, para estes sentirem-se calmos e atingirem bons desempenhos; para outros médio, quando estes necessitam sentir que têm a ansiedade controlada, e para outros elevado quando as suas melhores prestações são conseguidas quando estão agitados e sob pressão (Corrêa, et al., 2002). Quando um atleta se encontra no seu nível ótimo de ansiedade, pode-se referir que este está  autocontrolado (Corrêa, et al., 2002). De forma distinta, se o seu nível de ansiedade está fora de controlo, mais baixo ou mais elevado do que o seu nível ótimo, surgem reações cognitivas como medo, pensamentos negativos e desinteresse, manifestando-se ao nível somático por tensões musculares e lentidão (Brandão, 1995, citado por Corrêa, et al., 2002).
Hardy (1990, 1996, cit. in Corrêa, et al., 2002) salienta ainda que, para uma performance ideal, não é necessário apenas um nível de ativação ótimo, é relevante ainda controlar a ansiedade-estado cognitiva (preocupação), uma vez que atletas que necessitem de um nível de ansiedade-estado cognitiva alto, o aumento da sua ativação pode chegar a um limiar imediatamente subsequente à ativação ideal, em que os níveis de ativação são tão elevados que em seguida há um decréscimo no rendimento. As investigações revelam que, quer a ativação, quer a ansiedade elevada, provocam o aumento da tensão muscular, podem interferir na coordenação. Além disso, podem estreitar o campo de visão, tornando o foco diminuído, o que se pode tornar favorável para exercícios que exijam concentração num foco estreito e a eliminação de distratores ambientais (Nideffer, 1976; Weinberg & Gould, 2007). Ou em casos extremos, os seus efeitos geram enormes dificuldades que chegam a perturbar a concentração, pois elevados níveis de ansiedade tendem a restringir o "campo" de atenção, e o atleta poderá começar a prestar atenção apenas a um número de sinais limitados, diminuindo assim sua performance (Quadros Jr., et al., 2006; Sewell & Edmondson, 2006). Os atletas mais ansiosos podem chegar mesmo a esconder lesões dos seus técnicos com medo de não conseguirem manter a titularidade (Quadros Jr., et al., 2006).
Frischnecht (1990, cit. in Quadros Jr., et al., 2006) refere que uma das componentes principais para controlar a ansiedade consiste na modificação da maneira de pensar do atleta.
Para resolver estes problemas, a literatura aponta várias técnicas na área da psicologia do desporto, tais como a tomada de consciência, por parte do atleta, técnicas de relaxamento, de simulação, visualização, controlo dos pensamentos, estabelecimento de metas, exercícios de activação, a realização de entrevistas de preparação, a autoanálise e autoavaliação por parte dos atletas e acompanhamento na competição (Brito, 2007; Figueiredo, 2000; Quadros Jr., et al., 2006; Silvério & Srebro, 2002).
 
Neste sentido, a Escola de Afetos fornece aos atletas e clubes desportivos avaliação psicológica, apoio psicológico e intervenção psicológica em grupo.
 
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde com uma dissertação em Psicologia do Desporto
 
 
 

 

Autoconfiança na Prática Desportiva



Henry Ford dizia “se acreditares que consegues ou se acreditares que não consegues vais acertar”. Se pensarmos que não somos capazes de realizar uma determinada tarefa com sucesso provavelmente não seremos capazes de fazê-lo (Marín, 2009). Aqui reside a importância da autoconfiança no desporto.

Alexandre Dumas referiu: “uma pessoa que duvida de si própria é como um homem que se alista no exército do inimigo e aponta as armas contra si próprio. Ele transforma o seu fracasso numa certeza, ao ser ele próprio a primeira pessoa a convencer-se desse fracasso” (Cruz & Viana, 1996b). A partir do atrás referido, parece consensual a importância da autoconfiança como condição necessária para se competir com êxito e sucesso (Cruz & Viana, 1996b; Ferreira, 2008).

A autoconfiança é uma das competências psicológicas essenciais na competição desportiva para obter sucesso e obter altas performances (sendo a sua importância reconhecida por atletas e treinadores), tal como é importante na prevenção de lesões, ansiedade e stress (Cruz & Viana, 1996b; Marín, 2009). Segundo Loehr (1986), a autoconfiança é uma das competências psicológicas com maior valor preditor de sucesso em competições desportivas. A autoconfiança passa pela convicção do atleta nas suas capacidades, a nível técnico, físico e psicológico para ser bem sucedido no desporto (Viana, 2000).  

Esta competência é ainda um dos elementos relacionados com a segurança para agir em situações novas (Pujals & Vieira, 2002). Assim sendo, a autoconfiança influencia o sujeito nos atos mais simples e banais até às opções mais relevantes da sua própria vida (Pujals & Vieira, 2002). Desta forma, há relação íntima entre a autoconfiança e o rendimento desportivo (Pujals & Vieira, 2002).

Os agentes desportivos geralmente percecionam a autoconfiança como a expectativa de ser bem sucedido, isto é, pelo pensamento de que se irá ganhar (Vasconcelos-Raposo 1994b). A autoconfiança não é o que se pretende fazer, mas o que realisticamente tem-se consciência que se pode fazer (Vasconcelos-Raposo, 1994b). No entanto, cada atleta apenas pode controlar uma parte do seu sucesso, não a totalidade, uma vez que apenas pode controlar a sua performance e não a performance dos seus colegas (Vasconcelos-Raposo 1994b).

O atleta com autoconfiança é aquele que está seguro de si e da sua competência real, não demonstra preocupação com o seu rendimento, não revela indecisão, nem se perturba em situações inesperadas, aceita as críticas do treinador e revela a sua opinião aos colegas sem evidenciar problemas (Lázaro, et al., s.d.). 

A importância desta competência psicológica no rendimento dos atletas é descrita frequentemente por todos aqueles que estão envolvidos na competição desportiva (Cruz & Viana, 1996b). Os jogadores com sucesso desportivo parecem revelar elevados níveis de confiança nas suas capacidades (Cruz & Viana, 1996b). Os atletas com falta de confiança em si próprios ou baixas expectativas para a obtenção de determinada marca ou resultado vêm o seu rendimento desportivo afetado (Cruz & Viana, 1996b).

Martens (1987) defende que a autoconfiança no desporto deve ser vista como um “continuum” que varia entre a falta de confiança (pouca confiança nas capacidades pessoais) e a confiança excessiva (demasiada autoconfiança). Para este autor, o nível ótimo de autoconfiança encontra-se entre estes dois extremos; níveis extremamente baixos ou excessivamente elevados de autoconfiança prejudicam o rendimento (Martins, 1987).

Muitos atletas percecionam a autoconfiança como algo instável e passageiro (Lázaro, et al., s.d.). Essa instabilidade que referem deve-se às fontes em que a autoconfiança é baseada (Vealey, et al., 1998).

A autoconfiança relaciona-se de uma forma dinâmica com a motivação, com as aprendizagens e as experiências de realização, com a concentração, com emoções positivas, com os relacionamentos interpessoais, com a satisfação pessoal, com o estabelecimento de metas desafiantes, etc (Marín, 2009; Viana, 2000; Weinberg & Gould, 2007).

A falta de confiança nos atletas é muitas vezes manifestada através de expectativas negativas e dúvidas quanto à sua prestação. Estas originam estados de ansiedade, dificuldades de atenção e concentração, tal como incerteza quanto aos motivos de participação (Viana, 2000).

Quando os níveis de autoconfiança são elevados, a atenção permanece dirigida para pontos relevantes da tarefa. Ao contrário, quando são baixos, o processo de recuperação da atenção é retardado e o foco atencional dirige-se para questões internas, o que influencia negativamente a performance (Bodas, et al., 2007).

No entanto, o excesso de autoconfiança é tão prejudicial como a falta desta (Marín, 2009). Quando um atleta apresenta níveis elevados de autoconfiança, pode pensar que não precisa de se esforçar tanto para conseguir uma boa performance, o que o pode levar ao insucesso (Marín, 2009). Este excesso de autoconfiança pode provocar alguns problemas, levando a que este não admita erros, tenha uma perceção distorcida dele próprio, pode criar conflitos entre os colegas e mesmo com o treinador (Marín, 2009). 

É importante, antes de intervir no sentido de aumentar os níveis de autoconfiança de um atleta, procurar as fontes de que este se baseia (Vealey, et al., 1998). Vealey et al. (1998) no seu estudo, chegaram a 3 pressupostos fundamentais para a compreensão da autoconfiança:

- Os atletas aumentam a confiança a partir da sua realização, estando incluída a mestria e a demonstração de habilidades;

- Os atletas aumentam a confiança a partir da autorregulação, estando incluída a preparação física e mental e autoperceção física;

- Os atletas aumentam a confiança através de um clima positivo, em que coexiste apoio social, liderança do treinador, experiências vicariantes, conforto ambiental e favorecimento situacional.

As fontes de autoconfiança mais importantes para os atletas, no estudo de Vealey et al. (1998), foram o apoio social e a demonstração de habilidades. O facto de atingir os seus objetivos faz com que um atleta seja autoconfiante (Vealey, et al., 1998). Este mecanismo leva a que o atleta autorregule os seus pensamentos e comportamentos dentro de um clima de treino desafiador e motivador (Vealey et al., 1998). Ryska (2002, cit. in Lázaro, et al., s.d.) refere que os atletas com maiores níveis de autoconfiança se aplicam mais nos treinos, demonstrando uma maior persistência e capacidade de aperfeiçoamento.

Os atletas de sucesso são autoconfiantes. A sua autoconfiança desenvolve-se com o tempo e, muitas vezes, é o resultado de pensamentos positivos e de experiências de êxito (Williams, 1991). A melhoria da destreza física é uma forma de aumentar a autoconfiança (Williams, 1991). Quando há uma história de experiências de sucesso, constroem-se tanto níveis de autoconfiança elevados, como de expectativas de êxito futuras (Williams, 1991). O pensamento positivo dos atletas com autoconfiança ativa sentimentos capacitantes e a uma boa atuação. Já os pensamentos negativos de atletas pouco confiantes conduz a sentimentos negativos e a uma má exibição (Williams, 1991). Quando um atleta perde a sua autoconfiança devido a sentimentos de fracasso, pode começar a duvidar das suas capacidades (Williams, 1991). Se o atleta tiver autoconfiança, pode canalizar a sua frustração e fúria para se concentrar novamente na tarefa (Williams, 1991).

Os atletas com autoconfiança acreditam que podem atingir as suas metas e assim o demonstram (Williams, 1991). Estes atletas percecionam-se a ter êxito, apesar de estarem conscientes das suas capacidades e limitações (Williams, 1991). Assim sendo, a confiança destes atletas programa uma execução de êxito (Williams, 1991). Acreditar nas suas capacidades e em si próprio dá a liberdade para o atleta utilizar o seu talento, pois este só é capaz de realizar aquilo que acredita poder fazer (Williams, 1991). 

Vasconcelos- Raposo (1994a) refere que há uma relação acentuada entre os objetivos definidos pelos atletas e os níveis de ansiedade, motivação e autoconfiança que estes apresentam. A formulação de objetivos a curto prazo leva a que as melhorias da autoconfiança se tornem mais visíveis (Vasconcelos-Raposo, 1994a). Para Vasconcelos-Raposo (1994a), uma das mais importantes habilidades psicológicas ou mentais que um atleta pode desenvolver é a sua capacidade de formular objetivos eficazes de performance.

Para uma melhor compreensão desta competência psicológica, em termos práticos, o psicólogo deve procurar ter conhecimento das metas e objetivos que cada atleta pretende alcançar, tal como do significado pessoal atribuído ao sucesso desportivo.

Deste modo, torna-se relevante o psicólogo do desporto promover algumas estratégias junto dos atletas para que melhorem a sua autoconfiança desportiva (Viana, 1990). Relativamente a esta competência psicológica, o psicólogo deve trabalhar com o treinador no sentido deste utilizar um sistema de reforço com os seus atletas (Lázaro, et al., s.d.). O sistema de reforços positivos e negativos contribui para o desenvolvimento da autoconfiança no atleta (Lázaro, et al., s.d.). Para aumentar a autoconfiança dos atletas devem-se utilizar técnicas de visualização, formulação de objetivos e oferecer feedback adequado (Marín, 2009). Ao aumentar a autoconfiança do atleta, está-se a promover a sua autoperceção de que é capaz de executar com sucesso as tarefas que lhe são solicitadas para a sua atividade (Viana, 1990).


Neste sentido, a Escola de Afetos fornece aos atletas e clubes desportivos avaliação psicológica, apoio psicológico e intervenção psicológica em grupo.


Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde com uma dissertação em Psicologia do Desporto

Locais de Trabalho Saudáveis e Prevenção dos Riscos Psicossociais



Nós psicólogos não podemos estar sempre relacionados com a doença, mas também com a saúde e a sua prevenção.

 
Mas o que é um local de trabalho saudável?

Um lugar de trabalho saudável é aquele que reúne condições capazes de potenciar as valências dos seus colaboradores, sem que estes coloquem em risco a sua saúde psicológica e física (Samuel Antunes, 2015). Sucintamente, um local de trabalho saudável promove a segurança, a saúde e o bem-estar dos colaboradores enquanto pilares fundamentais da produtividade e do desenvolvimento profissional, tendo em conta estratégias de prevenção e intervenção em riscos psicossociais, como o stress ocupacional (Samuel Antunes, 2015). E neste processo, o papel do psicólogo pode ser um valor acrescentado (Samuel Antunes, 2015).


Tem custos elevados tornar um local de trabalho saudável?

Tornar um local de trabalho saudável e contratar um ou mais psicólogos para a sua empresa não pode ser olhado como um custo, mas antes como um investimento com resultados quase imediatos e concretos (Samuel Antunes, 2015). Desta forma, as questões financeiras nunca poderão ser um argumento para não se investir na saúde psicológica e bem-estar dos seus colaboradores (Samuel Antunes, 2015). Os estudos revelam que o retorno do investimento em prevenção em riscos psicossociais varia entre 9 euros e 13,62 euros por cada euro investido (Samuel Antunes, 2015).


Quais os benefícios da prevenção dos riscos psicossociais?

·         Melhoria do bem-estar e da satisfação do colaborador em relação ao trabalho e à empresa;

·         Mão-de-obra saudável, motivada e produtiva;

·         Melhoria global do desempenho e da produtividade;

·         Redução do absentismo, do presenteísmo, das taxas de rotatividade dos colaboradores, dos custos associados à perda da qualidade, etc.;

·         Cumprimento dos requisitos legais (Samuel Antunes, 2015).

 

Qual o papel do psicólogo especialista em prevenção dos riscos psicossociais?

·         Promoção da saúde e incremento do bem-estar, da satisfação e da justiça no trabalho;

·         Avaliação dos riscos psicossociais com instrumentos fidedignos;

·         Realização de programas de prevenção para situações de potencial risco para a saúde mental dos trabalhadores (stress, violência, assédio sexual ou moral, consumo de álcool e drogas, acidentes de trabalho, etc…);

·         Auscultação e envolvimento dos colaboradores na identificação de ações conducentes à melhoria da empresa, do trabalho e do clima organizacional;

·         Promoção do equilíbrio entre vida profissional e vida familiar/pessoal;

·         Promoção do desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores e aquisição de comportamentos e hábitos de vida saudáveis;

·         Sensibilização da liderança e da gestão no sentido de promover uma gestão dirigida para a prevenção;

·         Promoção da saúde mental, através da oferta de programas de gestão de stress;

·         Promoção da saúde física através de programas promotores de atividade física e alimentação saudável no local de trabalho (Carlos Fernandes, 2015).


Desta forma, a Escola de Afetos fornece às empresas avaliação,  prevenção e intervenção em riscos psicossociais.

       
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Gestão de Pessoas, com Formação em Riscos Psicossociais pela Ordem dos Psicólogos Portugueses

Palestras sobre Bullying


 
Foi com muito agrado que a Escola de Afetos com a psicóloga Dra. Carolina Violas participou na I Feira da Saúde do Agrupamento de Escolas de Loureiro, Oliveira de Azeméis, com duas palestras sobre bullying direcionadas aos alunos do 8ºano.
 
O bullying infelizmente é uma realidade nas nossas escolas e a prevenção é a medida mais eficaz.
 
O bullying são atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.
 
No contexto escolar, o alvo do bullying é geralmente um único aluno. Dados de estudos, indicam que na maioria dos casos, a vítima é cercada por um grupo de dois ou mais alunos.
 
 
Alguns exemplos de bullying:
 
 
  • Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade;

  •  Espalhar rumores negativos sobre a vítima;

  •  Insultar a vítima;

  •  Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a para seguir as ordens;

  • Chantagem;

  • Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa, sobre a moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nacionalidade.


Relativamente aos intervenientes, o agressor é geralmente uma criança com problemas emocionais, é impulsivo e no contexto escolar é dominador e tem pouca tolerância à frustração. São jovens que apresentam dificuldades na aceitação de regras de conduta, e respondem com violência a qualquer chamada.


Estas crianças têm um baixo rendimento escolar, são vistos como seguros no contexto escolar, mas na realidade, e na maioria das vezes sofrem de violência em casa.

Têm a noção da agressão e sabem que o que estão a fazer ao outro é para se sentirem no “topo do mundo”.


As vítimas são, geralmente, crianças sensíveis, inteligentes e com boas relações parentais e familiares. Não têm a noção como lidar quando são humilhadas, pois não vivenciam estas situações diariamente, tornando-se por isso “presas fáceis” para os agressores, em que por vezes estas acreditam que os insultos são verdadeiros, pois na maior partes das vezes apresentam uma baixa autoestima.


A maioria dos casos de bullying acontecem em locais com baixa supervisão dos adultos como nos recreios da escola, salas de lazer, balneários, cafetaria e corredores.


O bullying pode provocar emoções negativas tais como: medo, raiva, frustração, humilhação, rejeição, isolamento e ansiedade.


As vítimas podem apresentar respostas a curto prazo como falha nos trabalhos escolares, baixa atenção nas aulas, discussão ou lutas, mudança de amigos, perda de dinheiro e material. A longo prazo podem apresentar depressão, diminuição total do interesse na escola, problemas disciplinares, fugas e tentativas de suicídio.


A chave para a prevenção do bullying é encorajar as vítimas e as testemunhas de comportamentos de bullying a denunciar os incidentes a que foram vítimas ou que testemunharam no momento, não quando chegarem a casa, não um mês depois. No entanto, há uma grande pressão social contra “fazer queixa” e as vítimas muitas vezes acreditam que vão ser punidas.


É importante que a comunidade escolar desenvolva políticas de qualidade que definam o bullying e respostas apropriadas ao problema, estabeleça regras na escola e na sala de aula contra o bullying, aplique regras disciplinares e sanções escolares justas e consistentes, tenha formação sobre o bullying, estabeleça sistemas eficazes de supervisão e que haja parceria com forças da lei e psicólogos para identificar e tratar casos sérios de bullying.


Os alunos necessitam de regras definidas e ter a certeza que os adultos estão encarregues deles. O bullying é um problema que a escola tem de se confrontar, não só para proteger as vítimas mas também para passar a mensagem que o bullying não pode ser tolerado e fazer com que os alunos se sintam seguros.


Desta forma, a Escola de Afetos tentou sensibilizar os alunos para o que é o bullying e o que fazer numa situação de bullying.

     
Texto escrito por Carolina Violas, Psicóloga Clínica, Pós-Graduada em Psicologia Escolar